segunda-feira, 28 de abril de 2008

guerreiro antes da morte iminente de todo mundo

sou guerreiro sem escudo
com braços feridos ao acaso
sem paz e sem força
sem tropa e sem segurança
tenho apenas o que vejo e o que me cabe
sou guerreiro sem escudo
com armadura de carne
com o corpo exposto ao veneno da solidão
ao desprezo do olhar diferente
sem modos corretos de destreza
preso em meu próprio corpo vazio
sou guerreiro sem escudo
com vontade única de sentir
o que a divisão me falta
e continuo da mesma maneira
entre o que seria e o que não fui
sou apenas guerreiro voltando da guerra
com pústulas ficantes
espoliando o mal agrado dos que se foram
e do que me fez chegar até aqui
antes da morte única
da minha morte
do guerreiro sem escudo
com medo do inimigo que avança
onipotente
com perdas e prateados claudicantes.