segunda-feira, 28 de abril de 2008

o ser da poesia


Retiro a capa das aparências
Reviro a alma buscando o significado da poesia
Essa deusa margeia meu condado e reinado
Samba displicente buscando rimas e motes
Brinca enquanto a batalha acontece lá fora
Não recebe recompensa
Não recebe salário
Não vive dos tesouros que me traz
Pareço cafetão na casa das rimas
Pego as poesias e entrego para qualquer um
Sem escolha, vertendo uma transa que é paga a mim
Por mais que eu diga não
Insiste o mundo contra meu sonho de apenas viver de poesia
De ter convivência de homem e mulher com ela
De arder até o fim na sua mágica indecifrável
Acordo do sonho com a carteira vazia, com as contas vencendo
E a poesia martelando sua vontade própria na minha cabeça
Diz que me salvará com a venda de seu corpo imaculado
Ah deus dos significados obscuros, ah deus dos dicionários e verbetes
Castiga-me com inspiração e perseverança
Ensina-me a arte da cafajestice deslavada
Ensina-me a conhecer cada dia mais a palavra e os versos
Me revele o reverso desta transa sem fim
Deste gozo derramado