sábado, 6 de dezembro de 2008

Crônica Recente.


"de um lugar onde tudo rui"

Hoje os pensamentos me invadiram com uma força extrema. E depois do baque cansado de quem cede os sentidos à fumaça de um cigarro, esperei de mim mesmo que me assentasse em uma cadeira e escrevesse o que sempre venho escrevendo há muito tempo. Será que este compromisso incalculável de colocar nas palavras as respostas de mim mesmo é uma espécie de ruína? E ontem mesmo antes de voltar ao mundo da consciência cruzou comigo uma frase inconveniente - "o amor sem encanto é renegação". E essa conclusão ilógica me atravessou por dento sem ao menos pedir uma condição que furtasse a razão de pensar se havia um amor presente em mim, ou um caso já em término pedindo socorro pelos últimos momentos de arrepio e besteiras. Te digo, não havia nada, não havia ninguém, havia apenas a invasão dessa frase que martelava um lugar desconhecido dentro de algum lugar desconhecido de mim. Não parei, não quis interromper as dissidências ocultas, ou a âncora que arrastou para a tona o lodo do que passa aos meus olhos. Sei agora que dentro de mim há um lugar onde tudo rui, onde tudo recomeça e gira em espirais intermináveis. Agora não te revelo se a minha vontade é sentar-me em frente à tela e escrever sobre o momento exato em que o amor, o encanto e a renegação uniram-se para gritar mais forte em meu ouvido o que eu não quis profetizar enquanto pensamento e razão. Porém, confuso como sempre, aqui estou nesta ação que não previ e nem ao menos tentei impedir. Te escrevo no exato momento em que as palavras saltam do teclado para a tela, nessa mesma ordem e lógica. E também não sei explicar porque estou escrevendo para você essa crônica ou "coisa cheia de incongruências". Não sei mesmo. Quero apenas te dizer que talvez seja preciso que nós, envoltos nessa bolha corpo, tenhamos a coragem de enfrentar o que nos salta por dentro, o que nos move para continuarmos histórias que se repetem sem inocência. E a cada repetição aprendemos uma forma doida de saber como o amor se encaixa em nós quando nos arrastamos aos pés da paixão e o exato instante em que o encanto do espelho do outro que divide conosco a experiência do amor se quebra e logo depois a ruína extrema. O caos das ruminâncias. Não sei direito se tenho a liberdade de dizer isso pra você, ou pra quem ler este relato ou "surto estúpido". O que quero afirmar é que dentro de mim existe um lugar onde tudo rui, onde tudo termina e volta. Hoje, agora diante desse segredo que confesso, meu maior medo é que este lugar onde tudo rui, exista também dentro dos outros. Dentro de tanta gente que ama, que se desencanta e rui.

Um comentário:

whatever disse...

clap, clap, clap!!! bravo!
não consigo parar de ler seu blog