Nascimento é coisa sem gosto. Essa pouca impressão é o que tenho das lembranças amarelas, das fotografias e do tempo já esquecido. Como recordar, do dia em que ainda feto, fui expulso das entranhas de uma mulher, em gritos de parto e convulsões de dor. Nasci, nasci de uma mulher que não existe mais, que não conheci e que por estranheza de cordão umbilical perdeu-se também entre as falas da família. Não que tenha na memória, em detalhes claros, o que aconteceu realmente no meu nascimento. Queria sabê-lo, embrenhar-me por entre os brancos idos e entendimento. Não pude, não posso. Permaneço agora entre a busca e o desespero de não poder guardar nós de garganta em caixas de madeira. Nascimento é coisa sem gosto agora que despertei o sono do que houve.
4 comentários:
baby, q louco.... quase senti líquido amniótico escorrendo no teclado de tão expressiva e nítida sua poesia...
sinta-se muito abraçado, agora.
como dizia o exterminador: i'll be back
:))
beijos, beijos
Nacimento deveria ter por sí só o maior gosto do mundo, já que nascer é estar preparado para começar. No seu nascimento, lhe foi dado o privilégio de trazer consigo uma linda companheira, a poesia, mais a capacidade de com ela, desatar nós de garganta (o que é melhor que guardá-los).
Parabéns por sua linda companheira.
com admiração.
Soraia
O problema é que renascemos todos os dias, e não somente no dia do parto. Todo dia partimos pra algo desconhecido e do desconhecido que vem a íncrivel sensação de nascer/renascer.
Fica um abraço nascido de minhas palavras.
...Por algum acaso você me adicionou no facebook e passei por aqui...
Passe por minhas palavras também.
=)
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