segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A retardância demente



por Odécio Caligari


Engolido pelo sacrifício da escolha

divago entre a sarsa ardente e o cajado.

Retrocedo no senso comum

com as fechaduras malhadas em ferraduras

e encascadas nos cascos da massa populante.

Entrego pontos, costuras e remendos.

Soletro meus mapas.

A vida camisa de força estica meu intelecto

perfura com agulhas de sedativos minhas palermices,

senta na cama comigo e ri sua sordidez.

Arrebenta minhas linhas escritas e demências,

empobrece meu espírito com hipocondríacos dias.

A semana envelhece minha retardância no descontrole.

Solto a capa de Jó com suas quinquilharias,

seus resquícios de sensatez.

Abro a porta da geladeira com o tornozelo em chamas

abro o álcool etílico

abro a boca com sua sede de banguelices

derramo as gotas das destilarias

e viro alma penada em busca do limbo.



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